Arquitetura: Coletivo LEVANTE
Arquitetos responsáveis: Fernando Maculan e Joana Magalhães
Colaboração: Cássio Lopes e Ricardo Lobato
Fotografia: Leonardo Finotti
Ano de conclusão do projeto: 2020
Área bruta construída: 66,56m²
Localização do projeto: Vila Santana do Cafezal, Aglomerado da Serra, Belo Horizonte, Minas Gerais
O gestor do centro cultural Lá da Favelinha – Kdu dos Anjos – prefere chamar a Casa no Pomar do Cafezal, carinhosamente, de “meu barraco”.
A casa foi implantada em um terreno anguloso, de aproximadamente 70m², onde foi possível encaixar dois módulos estruturais de 3×3m, em dois níveis, ladeados por um “puxadinho” encostado na divisa. À distância, não se percebe qualquer contraste em meio ao amálgama de construções de tijolos cerâmicos aparentes do Aglomerado da Serra.
Architectural project: Coletivo LEVANTE
Leading architects: Fernando Maculan and Joana Magalhães
Collaboration: Cássio Lopes and Ricardo Lobato
Photos: Leonardo Finotti
Year of conclusion: 2020
Area: 66,56m²
Project’s Location: Vila Santana do Cafezal, Aglomerado da Serra, Belo Horizonte, Minas Gerais
“Lá da Favelinha” cultural center’s manager, Kdu dos Anjos, prefers to call this house, affectionately, as "my shack".
The house was implanted in an angled plot, of approximately 70m², where it was possible to fit two structural modules of 3×3m, on two levels, bordered by a small extension of the house leaning against the border. From afar, there is no difference in the amalgam of apparent ceramic brick constructions of the “Aglomerado da Serra”, the slum where the house is located.
O clássico bloco de 8 furos, inclusive, é o que determina a materialidade da casa, só que assentado na horizontal e revelando sua face frisada. Algo muito pouco comum no morro, uma vez que assentar o bloco em pé é mais rápido, e faz com que o material renda mais.
The classic block of 8 holes is what determines the materiality of the house, only settled horizontally and revealing its beaded face. Something very unusual in the slums, since settling the standing block is faster and makes the material more profitable.
Neste caso, a ideia foi garantir melhor inércia térmica para a casa, já que com assentamento na horizontal, a largura da parede será correspondente à maior dimensão do bloco. Além disso, exploramos as formas de uso deste elemento modular, que em algumas situações aparece como cobogó, ou combinado com blocos de concreto, por uma necessidade estrutural.
Mantivemos, então, o repertório construtivo tão próprio dos mutirões, quanto à estrutura e aos fechamentos de tijolos aparentes, e nos preocupamos em observar com cuidado questões referentes ao fluxo das águas de chuva e sua absorção no terreno; em minimizar a intervenção no solo; oferecer ventilação e iluminação naturais de forma generosa, além do controle de temperatura com elementos leves como as peças roliças de eucalipto e a vegetação. E, claro, aproveitar ao máximo a vista, que é extraordinária e que não se vê igual lá do asfalto.
In this case, the idea was to ensure better thermal inertia for the house, since, with the horizontal settlement, the width of the wall will correspond to the larger size of the block. In addition, we explore different ways of using this modular element, which in some situations appears as a latticework wall, or combined with concrete blocks, by a structural need
We maintained the constructive repertoire characteristic of slums’ vernacular architecture. As to the structure and closure of the apparent bricks, we were careful to observe issues related to the flow of rainwater and its absorption on the ground; minimize intervention in the soil; offer natural ventilation and lighting generously, in addition to temperature control with slight elements such as eucalyptus roll parts and vegetation. And, of course, make the most of the view, which is extraordinary and cannot be seen from anywhere else in the city.
A Casa no Pomar do Cafezal foi a segunda obra realizada pelo coletivo LEVANTE, união de arquitetos, estudantes e engenheiros, liderados por Fernando Maculan e Joana Magalhães para elaborar projetos, trazer fornecedores e apoiadores para a arquitetura na periferia. O projeto da casa recebeu menção honrosa na 21a Premiação de Arquitetura do IAB MG e representa um “modelo” construtivo que utiliza materiais próprios da periferia, com uma implantação adequada e atenção à iluminação e ventilação, resultando em um espaço com grande qualidade ambiental.
“Casa no Pomar do Cafezal” was the second work carried out by the collective “LEVANTE”, a group of architects, students and engineers, led by Fernando Maculan and Joana Magalhães, whose goal is to elaborate projects, bring suppliers and sponsors to slum architecture in Belo Horizonte. In 2021, the project won “Honorable Mention” at the 21st architectural competition of IAB MG. For us, the design of the house represents a constructive model that uses common materials in the slums, with an adequate implementation and attention to lighting and ventilation, resulting in a space with great environmental quality.