Arquitetura: Coletivo LEVANTE
Arquitetos Responsáveis: Fernando Maculan e Joana Magalhães
Equipe de Projeto: Ricardo Lobato, Cássio Lopes, Luiza Salomé, Julia Passos, Arthur Souza, Richard Ramos, Marina Vilela, João Pedro Pujoni
Iluminação: Mariana Novaes (Atiatîa Design) | Equipe: Marina Faria, Pedro Ferreira, Wallace Moreira
Paisagismo: Felipe Fontes
Consultor de Engenharia: Marcello Cláudio Teixeira
Colaboradores: Bruno Ulhoa, Micrópolis, REMEXE Favelinha, Fábrica Jangada, Jacques Simão de Siqueira, Luiz Eduardo Andrade Chiatti e Movimento Gentileza
Fotos: Leonardo Finotti, Matheus Angel, Bruna Brandão e Fernando Maculan
Ano de conclusão do projeto: 2021
Área bruta construída: 194,73m²
Localização do projeto: Aglomerado da Serra, Belo Horizonte, Minas Gerais
Premiações:
Vencedor na categoria “edificações”, da 21a Premiação de Arquitetura do IAB MG, 2021
Vencedor do 8o Prêmio de Arquitetura AkzoNobel do Instituto Tomie Ohtake, 2022
Vencedor da Premiação de Arquitetura nacional do IAB-Brasil, 2022
Vencedor do 8o Prêmio de Arquitetura AkzoNobel do Instituto Tomie Ohtake e da 21a Premiação de Arquitetura do IAB MG, o edifício do Centro Cultural Lá da Favelinha ocupa integralmente o terreno de 78,20m² na vila conhecida como Favelinha (Aglomerado da Serra, Belo Horizonte) e totaliza, em três níveis, 194,73m² de área coberta. A construção existente foi iniciada em 1995, embora nunca tivesse sido totalmente concluída até 2017, quando o projeto/coletivo LEVANTE Favelinha foi iniciado.
A intervenção arquitetônica foi realizada ao longo de aproximadamente 3 anos em um processo coletivo que envolveu a comunidade Lá da Favelinha, os profissionais e estudantes do LEVANTE, designers, costureiras, empresas de engenharia, pedreiros, serventes, serralheiros, vidraceiros e pintores do Aglomerado da Serra. O trabalho do LEVANTE é voluntário e 100% dos recursos arrecadados via vaquinha virtual foram destinados à execução das obras.
Architectural project: Coletivo LEVANTE
Leading Architects: Fernando Maculan and Joana Magalhães
Architecture Team: Ricardo Lobato, Cássio Lopes, Luiza Salomé, Julia Passos, Arthur Souza, Richard Ramos, Marina Vilela, João Pedro Pujoni
Lighting Design: Mariana Novaes (Atiatîa Design) | Lighting Design Team: Marina Faria, Pedro Ferreira, Wallace Moreira
Landscaping: Felipe Fontes
Engineering Consultant: Marcello Cláudio Teixeira
Collaboration: Bruno Ulhoa, Micrópolis, REMEXE Favelinha, Fábrica Jangada, Jacques Simão de Siqueira, Luiz Eduardo Andrade Chiatti e Movimento Gentileza
Photos: Leonardo Finotti, Matheus Angel, Bruna Brandão and Fernando Maculan
Year of conclusion: 2021
Area: 194,73m²
Project’s location: Aglomerado da Serra, Belo Horizonte, Minas Gerais
Awards:
Winner at “buildings” category of the “21a Premiação de Arquitetura - IAB MG”, 2021
Winner of “8o Prêmio de Arquitetura AkzoNobel - Instituto Tomie Ohtake”, 2022
Winner of the national Architecture Prize of IAB-Brasil, 2022
The building occupies 78.20m² in the village known as Favelinha (Favela Aglomerado da Serra, Belo Horizonte) and is built in three levels, totalizing 194.73m² of covered area. The existing construction started in 1995, although it had never been fully completed until 2017, when the LEVANTE Favelinha project/collective was founded.
The architectural intervention was carried out over approximately 3 years in a collective process that involved the Lá da Favelinha community, the professionals and students of LEVANTE, designers, seamstresses, engineering companies, masons, servants, locksmiths and painters from Aglomerado da Serra. LEVANTE's work is voluntary and 100% of the funds raised via virtual kitty were allocated to the execution of the works.
O imóvel tem três níveis, embora anteriormente à reforma apenas dois deles estivessem em uso, com o terraço, ainda inacabado, servindo de depósito de materiais diversos à espera da conclusão da obra. Nesse momento, surge a ideia do LEVANTE Favelinha – união de arquitetos, estudantes e engenheiros, liderados por Fernando Maculan e Joana Magalhães, para elaborar projetos, trazer fornecedores e apoiadores para a transformação da obra em curso.
A intervenção trouxe algumas supressões e correções espaciais, de modo a organizar melhor os espaços vazios, mais abertos à livre apropriação (térreo e terraço), e aqueles mais compartimentados e com usos definidos (segundo piso). O projeto também promove a circulação de ar e entrada de luz natural em todos os espaços, adotando elementos vazados e aproveitando aberturas para o fosso-fenda entre as duas paredes na divisa de fundos, por aonde chega uma luz indireta surpreendente. Faixas vermelhas de tela agrária - elementos marcantes da fachada e cobertura – amenizam a insolação direta, afirmam a presença do centro cultural na comunidade e estabelecem um limite sutil entre os espaços internos e a paisagem.
The building has three levels, although before the renovation only two of them were in use. Back then, the terrace was still unfinished, serving as a materials deposit, waiting for the completion of the work. At that moment, the idea of LEVANTE Favelinha emerges – a group of architects, students and engineers, led by Fernando Maculan and Joana Magalhães, whose goal was to elaborate projects, find supporters and suppliers to participate in the renovation.
Some of the architectural changes took place in order to better organize the empty spaces (ground floor and terrace), and the ones more compartmentalized, with specific uses (second floor). The project also promotes natural lighting and air circulation of all spaces, adopting hollow elements and taking advantage of existing openings facing the gap between the two walls in the back of the building, where one can find a surprising indirect light. Red strips of agrarian fabric - striking elements of the facade and roof - soften direct insolation, affirm the presence of the cultural center in the community and establish a subtle boundary between the internal spaces and the landscape.
Como partido conceitual, o projeto deveria refletir e reafirmar a alegria, a vibração e a potência criativa das pessoas que vivem o centro cultural, o que acabou se materializando nas cores adotadas nos espaços internos e na vestimenta da construção.
Não à toa, os elementos que compõem a fachada e a cobertura são têxteis, costuradas pela equipe do REMEXE (projeto de moda e upcycling da Favelinha), e os espaços internos são pensados como corpos de cor (salve Hélio Oiticica!) - arquitetura cênica para a exaltação dos bailarinos, modelos, empreendedores e artistas que encontram na Favelinha uma ponte para o mundo.
As a conceptual proposal, the project should reflect and reaffirm the joy, vibration and creative power of the people who attend the cultural center, which was eventually materialized in the colors adopted in the internal spaces and in the “clothing” of the building.
No wonder the facade elements are textiles, sewn by REMEXE team (an upcycling fashion project, also from Favelinha), and the internal spaces are thought of as bodies of color (as a reference to Hélio Oiticica) – a scenic architecture that exalts the dancers, models, entrepreneurs and artists who find in Favelinha a bridge to the world.
Além do brise/pergolado de tela agrária, executado pelo ateliê REMEXE, o projeto abriu frentes específicas como o mobiliário (open source) de formas de compensado resinado com corte CNC pela Fábrica Jangada, o mural com a comunidade Lá da Favelinha por Bruno Ulhoa e o parklet elaborado com o coletivo Micrópolis com a participação de crianças e jovens da favela. Este projeto inaugura, para o grupo de arquitetos envolvidos, uma forma mais íntima de estar e de atuar na favela, e que já se desdobra em uma série de outros projetos no aglomerado, com distintas escalas e naturezas, ganhando lugar vital em nossa prática e papel social.
In addition to the brise of agrarian fabric, executed by REMEXE, the project brought along other collaborations such as the plywood furniture (open-source design), made by Jangada Factory using a CNC cutting machine, the front door mural that portrays the community Lá da Favelinha, designed by Bruno Ulhoa and the parklet elaborated in a collaboration with collective Micrópolis and children from the favela. For the group of architects involved, Lá da Favelinha Cultural Center project inaugurates a more intimate way of being and acting inside the favela and has already unfolded in a series of other projects in that area, gaining vital place in our architectural practice and social role.